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sábado, 7 de abril de 2012

LITERATURA INFANTIL, ESCOLA E MORALIDADE


A Literatura Infantil possibilita às crianças uma leitura em vários níveis: o sensorial, através dos aspectos exteriores do livro; o emocional, pelos sentimentos que a leitura provoca e o racional, pela reflexão a que conduz e pela construção do conhecimento.
Segundo Zilberman (2003, p.29), "A Literatura Infantil é levada a realizar sua função formadora, que não se confunde com uma função pedagógica. Ela dá conta de uma tarefa que está voltada toda a cultura de conhecimento do mundo e do ser”.
Ao ouvir histórias, as crianças pequenas iniciam o processo da construção da linguagem, idéias, valores e sentimentos, ajudando-as na sua formação como pessoa.
Nesta perspectiva, aponta Abramovick (2004, p.17):

As histórias infantis representam importantes formas de expressão, além de contribuir na construção do desenvolvimento moral, ajudando-a a criança a conhecer o mundo e tomarem consciência dos seus próprios valores.


De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN de Língua Portuguesa (2001, v.2): “A leitura de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não o seu”.
É fundamental que, ao contar uma história, o educador crie condições para que as crianças progridam na construção do raciocínio moral, da coordenação dos diferentes pontos de vista e do pensamento lógico, podendo valer-se da Literatura Infantil para desencadear discussões nas quais as crianças poderão rever suas opiniões e defender a sua perspectiva.
Existem três grandes níveis e estágios apresentados por Kohlberg (apud VINHA 2003), que abordam os juízos morais das crianças. É preciso que o educador tenha conhecimento sobre eles para que o mesmo possa compreender o desenvolvimento das crianças. Os níveis são: o pré-convencional (I), o convencional (II) e o pós-convencional (III), subdivididos em dois estágios cada um. As principais características destes níveis serão apresentadas a seguir:
O nível 1 – pré-convencional (estágios 1 e 2) é mais individualista. Pode-se dizer que as crianças que se encontram no primeiro estágio não reconhecem que os interesses dos outros podem ser diferentes dos dela. Ao julgar uma ação, considera os efeitos concretos, físicos, não levando em conta as intenções envolvidas. No segundo estágio, as crianças já são capazes de reconhecer que os outros têm interesses diferentes, julgando o que é certo como algo relativo.
O nível 2 - convencional (estágios 3 e 4) se caracteriza por ser mais social. No terceiro estágio as crianças passam a considerar, ao agir, as expectativas das pessoas que lhe são significativas, ou seja, sua conduta é pautada naquilo que espera que essas pessoas julguem correto, o que esperam dela. Agem no sentido de obter aprovação, estando preocupadas em serem uma “boa menina” ou um “bom menino”. O “certo” é ser uma boa pessoa aos próprios olhos e aos dos demais. Já no estágio 4, “o certo” é definido por cumprir as leis sociais, seguir os deveres e manter a ordem. Todos devem se submeter às leis para que haja o bem comum, pois as normas foram feitas para serem cumpridas e garantir o bem-estar da maioria. É importante que não haja exceções. O indivíduo justifica o comportamento considerado como correto pela necessidade de manter a instituição em seu conjunto e evitar a decomposição do sistema
No nível 3 – pós-convencional (estágios 5 e 6) de Kohlberg,  o sujeito considera a humanidade em geral. O raciocínio do quinto estágio resume-se basicamente naquilo que foi contratado entre as pessoas, um acordo coletivo. E, finalmente, no sexto estágio se constrói o compromisso pessoal e o indivíduo. Neste nível apresenta consciência moral coerente com princípios éticos universais. (VINHA, 2003)
É fundamental que o alvo maior da escola seja sempre o aluno, promovendo um atendimento valioso para cada um, além de um olhar “clínico” para as suas necessidades e possibilidades, principalmente na Educação Infantil, que é o foco deste trabalho, proporcionando situações que garantam o desenvolvimento da criança em todos os aspectos, inclusive os morais.
De acordo com Kramer (2000) a pré-escola é um lugar que propicia o desenvolvimento infantil, visto que valoriza o conhecimento das crianças pequenas, a construção da autonomia, cooperação, criticidade, responsabilidade e favorece o auto conceito e o exercício da cidadania.
O individuo se desenvolve a partir de sua interação com o ambiente, portanto é preciso que o educador e a escola se insiram para promover o desenvolvimento moral e o crescimento humano em direção à autonomia, pois é nessa primeira fase escolar que a criança necessita de uma aprendizagem de qualidade, conscientizando-a da importância e da necessidade de preservar valores como o respeito ao ser humano.
De acordo com Vinha (2006), a moralidade na criança vai se desenvolvendo aos poucos, a partir da sua interação com o meio. Dessa maneira, julga-se importante que o educador propicie momentos em que a criança exponha suas ideias, a fim de desencadear reflexões e discussões com o grupo, contribuindo, dessa forma, para o desenvolvimento do raciocínio moral.
Sendo as histórias infantis um recurso fundamental, é importante que, quando utilizadas, problematizem as situações do cotidiano da sala de aula, a fim de permitir que a criança aprenda sobre os valores morais que precisam ser alicerçados neste período, o que compromete todo o desempenho social da criança. O professor ainda pode se valer de outros instrumentos como contos e dilemas morais para desencadear discussões, gerar conflitos e agir como elemento desiquilibrador, fazendo com que a criança reveja sua opinião e defenda sua perspectiva, a fim de que a mesma progrida de um estágio para o outro, caminhando para a autonomia.
Segundo Vinha (2006, p.496), Kohlberg considera que “uma das formas de propiciar o desenvolvimento moral nas pessoas é confrontá-las com outras que estejam em estágios mais avançados de raciocínio moral, utilizando do processo de debater as histórias infantis que envolvam conflitos, as situações-problema ou os dilemas morais”.
A escola, querendo ou não, está envolvida com a educação moral de seus alunos e influencia o desenvolvimento dos mesmos, desde modo, é importante e necessário que a escola e o professor estejam atentos e preocupados com esta questão, a fim de que se crie e se estabeleça na escola um ambiente em que relações interpessoais respeitosas aconteçam de maneira a garantir que a autonomia moral e cognitiva das crianças seja construída e desenvolvida.
            Observa-se o que defende Piaget (apud VINHA, 2003), “A educação moral supõe que a criança possa fazer experiências morais e a escola constitui um meio propício para tais experiências”. De uma maneira simples, a escola com o auxílio da Literatura pode contribuir, e muito, na formação plena do ser.
Para evidenciar a importância da Literatura Infantil para o desenvolvimento moral, observa-se o que Oliveira (1994) apresenta em sua pesquisa Literatura Infantil e desenvolvimento moral: a construção da noção de justiça em crianças pré-escolares. A autora realizou sua pesquisa com 14 alunos e o instrumento de trabalho foi a fábula “A galinha ruiva”, destacando a noção de justiça. Ao término de sua pesquisa, a autora concluiu que embora não tenha atingido um progresso no nível de noção de justiça, isso não significa que não houve uma evolução qualitativa no sentido de refletir e de verbalizar os juízos morais. A autora ainda relata a importância da Literatura Infantil como uma ação pedagógica voltada para a educação de valores e, entretanto fundamental para desencadear o desenvolvimento da moralidade infantil em crianças pequenas.
Pesquisas como de Oliveira (1994) reforçam a ideia de que os educadores precisam estar mais preparados para realizar um trabalho favorável por meio das histórias infantis.
Por fim, a Literatura Infantil é um recurso pedagógico que pode favorecer o desenvolvimento infantil e propiciar a conquista de estágios mais avançados do juízo e da ação moral.



Um comentário:

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